quinta-feira, 22 de setembro de 2011

"Você não deseja voltar...

...para quando você não tinha perdido nada? Tudo está no futuro." Cassie - Skins 2x09.

O rapaz se encontra cansado, depois de uma noite mal dormida, sentado na beira de cama, fumando free vermelho. Estava enjoado depois de desjejum, com vontade de vomitar. Mas prefere segurar essa vontade.

Tinha acabado de dar uma desculpa para seu companheiro para poder dormir sozinho. Seu companheiro foi embora um pouco chateado pelo humor do rapaz que muda tempo todo.

Seu estômago doía. Era azia. Maldita azia, pensa. Se levantou, foi aproximar no estante e pegou caderno e estojo. Voltou na sua cama. Abriu caderno e tentou escrever, mas sua mão não obedecem o movimento por causa dos efeitos do antidepressivo que ele está tomando. Minha letra está cada vez mais horrível ultimamente, resmunga. Ficaram as palavras em formas garrafais, como se fossem escritas pela uma pessoa bêbada:

É tão bom estar com você, mas tem uma coisa que me perturba ainda.
É o medo de me machucar novamente, mas quero arriscar para ser feliz com você.
Obrigado por existir na merda da minha vida. (seguindo um coração mal desenhado)

Olhou o que tinha acabado de escrever e achou tosca demais. Se levantou novamente, mas na outra direção indo para armário. Lá onde pegou o ansiolítico e tomou um comprimido.

Dessa vez, sou um covarde demais, pensa. E foi deitar na cama esperando o ansiolítico dar efeito.

Havia completado 23 anos naquele dia.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A incerteza

Sentado na banca de plástico de ônibus, sua cabeça não para de girar. Tinha fumado uns baseados.

De repente, passou na sua cabeça o futuro que começa a ser mais realista.

Uma mesa cheia de fotografias, um quadro borrado na parede de tom esverdeado, estava sentado na poltrona antiga um adulto de aparência cada vez mais magra, porém, bem vestido, segurando um cachimbo e tomando martini. Neste lugar voltou seu companheiro, que estava trajando mal, de barba para fazer, descabelado, chapado, do teatro onde ele trabalha. E disse para ele:
- Ainda está em casa aqui? Já está perto de duas da tarde, você devia estar trabalhando. E ainda mais bebendo a merda do álcool.
- Não é a sua conta! Seus olhos estão vermelhos. Faz dias você continua assim. Não vê que estamos com problemas? - Levantou e colocou copo vazio no aparador de bebidas. E começaram a discutir.

Despertou com a vibração, o ônibus tinha começado a partir. Olha no seu lado, estava o companheiro. Sorriu nervoso.

Tinham reatado o relacionamento faz semanas.

Seu corpo treme. Começou a ficar com medo do futuro enquanto observa a cidade iluminada pelos postes em movimento na janela de ônibus.