Pensei que tudo ia melhorar depois do início das aulas da federal. Me enganei, a primeira semana foi bem tensa e, algum tempo depois, tentei a manter o controle para poder alimentar bem. Mas não sinto bem diante da multidão alimentando e conversando alto num restaurante universitário, minhas mãos trêmulas tentam pegar talhares de forma tão desajeitada. Até quase engasguei. Sentia ridículo e desconfiava vendo alguém rindo de mim.
As noites que eu tento dormir não são bem dormidas. A vida no alojamento provisório é uma merda: bagunça, sujeira, poeira, perfumes que os jovens exageram, pisca-luzes das lâmpadas e colchão surrada num beliche semi-destruída.
As aulas começam, eu ficava entediado sem entender nada o que as professoras falaram. Meus colegas tentam me ajudar dando bilhetes para entender melhor. Os trágicos 22 dias sem intérprete foram resolvidos com a vinda das três intérpretes até apareci algumas vezes no jornal da cidade local. Não fui muito bem sincero com as três intérpretes nem com colegas.
As visitas na casa dos pais sempre terminam em brigas e discussões idiotas por causa da alimentação.
Afinal de contas, consegui um quarto na casa do estudante. Isso significa que vou deixar do alojamento, ainda bem! E terei que continuar enfrentando o abalo psicológico que a comida me causa. Tratamento com a psicanalista foi interrompido faz dois meses. Não quero engordar, mas, na hora outra, tudo fica contrário. Continuarei confuso.