domingo, 10 de outubro de 2010

1 - Your Best Friend




I.,

Quando eu te conheci através da nossa amiga K., eu achei você chato, convencido e estranho pro meu gosto. Foram os quatro encontros, minha opinião não mudou nada até um dia em que a K. me perguntou se você pode dormir no meu quarto. Fiquei surpreso com essa pergunta, sério. Mas respondi apenas "sim".
Dias depois, você veio no meu quarto, totalmente tímido. E eu estava tímido também. Você me perguntou se eu posso ensinar alfabeto em sinais, não hesitei e te ensinei com muita paciência.
Percebi que você não é chato nem convencido. E não é mais estranho para mim. Descobrimos que temos em comum: depressão, paixões doloridas, mau humor, desejo de matar a gente, loucuras, noites com desconhecidos, drogas, vícios e putaria.

Sempre brigamos, xingamos, odiamos, mas no final se damos bem. Enfrentamos nas filas longas no restaurante universitário, fizemos loucuras nas baladas, beijamos vários homens, fizemos coisas que não devíamos fazer, confidenciamos os nossos segredos, rimos das outras pessoas, falando mal das outras pessoas, reclamamos das nossas situações atuais e imaginamos sobre os futuros namorados. Não sei como você me aguenta, porque eu sou chato à beça!

Certa noite tive uma crise depressiva, você ficou preocupado e me perguntou o que está acontecendo comigo. Fiquei sem graça, mas contei uma coisa que eu não deveria ter te contado: transtorno alimentar. Você se mostrou preocupado a mais, me pediu que eu não deixe de contar e quer me apoiar para sempre. Você não me julgou, me compreendeu e quer que eu melhore de qualquer forma. Isso me fez chorar.

Não quero que você fique chateado pelas minhas crises de compulsão, vômitos forçados e privação da comida. Você tinha me pedido que eu faça terapia psicológica e que eu tenha controle. Vou tentar estar melhor, feliz e livre daquele maldito transtorno alimentar, espero.

Continuamos e continuaremos sendo amigos. Inseparáveis!

Te amo!

Um abração,
G.