Viagem ao inferno

Na quinta-feira passada depois da reunião de diretoria (não ficou bem chata, ainda bem), voltei na casa em pé. Como eu estava suado, tirei a camisa e entrei na cozinha para pegar uma garrafa de água gelada. A mãe me perguntou se eu jantei fora, eu respondi que sim (mentira!). Assim ela acreditou. Mas, a mãe olhou-me de olhar torto no meu peito e falou:

- Nossa! As costelas tuas estão aparecendo cada vez mais. A anorexia voltou novamente, não é?

Eu fiquei sem chão...

Mas consegui responder, mentindo mais uma vez:

- Tu achaste? Então, você já viu que estou comendo alguma coisa hoje e dias atrás? É a coisa da tua cabeça, putinha.

Ela não consegue discutir mais e se calou. Meu estômago ficou roncando até dia seguinte...

Quarta-feira: Não comi nada nem almoçei, só bebendo de água e trident. Mas, a mãe voltou do trabalho e me perguntou se vamos para capital pra fazer uma festa-surpresa da amiga. Eu não pensei em duas vezes, então aceitei (como eu fui tão idiota em aceitar!). Pelas 15 horas, pegamos de ônibus para Porto Alegre junto da tia.

A viagem de ônibus foi tão demorado e estressante, tive que ir no banheiro tempo todo apesar de ansiedade, bah!

Quando chegamos em capital, descobri que fui enganado pela prórpia mãe! Era o trabalho de ufologia. Eu reclamei e dei um palavredos gritantes com a mãe, o mundo ao redor me olhando de cara surpresa. Eu fiquei tão furioso do que nunca!

Fiquei irritadíssimo durante o trabalho, que estragou meu NF outra vez! Minha tia de capital ofereceu uma caixinha de waflees importado que eu adoro durante a pré-adolêscencia obesa. Eu devorei! E mais um pedaço de cuca de requeijão. Depois disso, comecei a sentir dores fortes do estômago. Me irritou mais e culpa também. Eu fui no banheiro e tranquei a porta principal de banheiro (o banheiro masculino é bem grande e chique do hotel 5 estrelas). Ajoelhei a frente de vaso sanitário bem cuidado e limpo, enfiei o dedo indicador no fundo da garganta. Comecei a sentir umas ânsias fortes e vomitei a maioria do suco gástrico em vez de restos alimentares. Como o suco gástrico machucou muito a garganta, tive que parar, mesmo sentindo as fortes dores de garganta. Maldita gastrite!

Depois do trabalho, voltamos para a casa da outra tia. Onde não comi nada até a sexta, fui direto pra dormir.

Sexta-feira: A amiga L* me perguntou se vamos almoçar no restaurante vegetariano. Eu topei. Devo admitir que a comida lá é tão colorida e g-o-s-t-o-s-a! Devorei por 2 pratos e mais uma sobremesa. Achei estranho que não senti nenhuma culpa por ter comido tanto.

E fomos no local do trabalho dela. Foi tão entendiado passar lá, fui na cinema para assistir o filme de terror tomando de guaraná zero (bebida muito boa!). Mas o filme não me agradou, é bem idiota. Não lembrei o nome de filme, minha memória tã bem fraquinha, viu.

Depois a tia chegou no trabalho da amiga, e falei pra ela se podemos passear no novo shopping da capital: BarraShoppingSul. Ela topou, e fomos pra lá. Fiquei tão boquiaberto quando entrei lá, tudo é tão CHIQUE e tanta loja de grifes (pude notar muita roupa de origem animal, que me deixam chateado). Quando passei aos lados das lojas brasileiras, e vi umas calças skinny. Fiquei tão doidinho para experimentar. Mas a minha tia não deixou, pois as calças que peguei são femininas. Fiquei tão ofendido. Eu reclamei-a que não respeita a minha orientação sexual, e gritei que ela devia ser presa por ofensa homofóbica. Os mauricinhos e patricinhas me olhando de olhar duvidoso no meio da loja.

Fiquei de carra birra.

Sábado: A amiga L* me levou pro local de trabalho dela outra vez, mas me fez sentir um pouco feliz: fomos na loja Renner para ver calças skinny femininas. Fui experimentar com elas pela primeira vez, me senti tão bem mesmo. Escolhi uma por preço acessível, ela comprou para mim. Não estou aproveitando dela, eu não trouxei o cartão de crédito, tá bom? Detalhe: o número da calça é de 36! A amiga falou que eu devia engordar, aff.

Quando voltamos para apartamento, a tia olhou a calça skinny e fez uma cara negativa. Eu dei um palavredo. Depois vi um lanche tanto na mesa de cozinha: pãos de queijo, doces folhados, tortas e refri. Não pensem que devorei todo, eu peguei de porções pequenas. Comi bem devagar até sentir satisfeito.

Ontem: Eu despedi-as pelas 6 horas da noite voltando para minha cidade, fiquei tão ansioso para continuar com as dietas NF e LF na minha casa! Como na capital não é fácil continuar com LF e NF. Tomei uma garrafa de coca zero durante a viagem de volta. Que fez-me ir no banheiro tempo todo (outra vez!).

Hoje: Tomei um copo de água no desjejum, porém, no intervalo do curso, devorei salgadinho e um pequeno pacote de gomas. Depois, fui no banheiro e olhei pro lados, notei que tá vazio. Então, tive que vomitar bem rápido. Vomitei, vomitei, vomitei até nada. Quando saí de box, notei dois rapazes mudam as cabeças pro espelho de jeito estranho. Eu percebi que eles ouviram o barulho de vômito. Não importei, limpei a boca e mãos que eu havia sujando. Acho muito gozado que eu não importei o que eles pensam de mim. Saí do curso antes de tempo terminar, fui caminhar ao centro para ver o peso. Fiquei duvidoso ao pesar numa balança mecânica na primeira farmácia: 48,50kg.

Então, fui na segunda farmácia, balança digital: 48,80kg.

E terceira farmácia, balança digital: 48,70kg.

Essas balanças estão doentes, mas fiquei surpreso por ter perdido peso. Estranho é que comi de jeito normal na capital, mas valeu a pena por ter perdido peso mesmo!

Agora não almoçei nada! Espero que a mãe não me pergunte o que almoçei depois de chegar do trabalho. Texto longo? Pois é, eu tinha que contar o que puder mesmo com as baboseiras...