Estava preparando umas malas para a partida, senti um vento vindo da janela do meu quarto. Era gelado, mas gostoso. Estava chovendo forte no dia dezoito.
Achei engraçado o dia da partida ficaria assim, embora que gosto de dias nebulosas, chuvosas e geladas.
Lembrei da reunião da escola para discutir sobre a inclusão nas salas de aulas, fui lá debaixo da chuva. Durante a reunião, o celular vibrou. Era a mensagem da minha amiga dizendo que a mãe tá precisando comigo urgente. Alguns minutos depois, me apressei até a casa. A mãe estava uma fera, mas não importei dela. Que se foda uma vaca obesa e teimosa!
Ônibus para Porto Alegre chegou, a mãe despediu e disse que eu volte nos finais de semanas para passar. Eu fiz deboche assim: Não vou voltar para visitar você e pai, mas só animais de estimação. Então, adeus!
A mãe não gostou pelo o que disse.
Entrei no ônibus, vi um homem no banco último, eu sentei atrás do banheiro. Porque é lugar meio vazio, admito que gosto assim mesmo.
Quase duas horas depois, deu uma sensação danada de fome. Vi uma sacola contendo salgadinhos e chocolates que a mãe comprou para mim.
Devorei imediatamente que nem um mendigo. Senti uma dor intensa do estômago e uma grande culpa, tentei ignorar esses sentimentos, mas não deu a bola.
Então fui no banheiro de ônibus, coloquei dois dedos na minha garganta e pressionei bem forte. Saiu os restos alimentares.
Miei no banheiro de ônibus andando para capital. A bulimia voltou...